quinta-feira, janeiro 11, 2007

* A Porta *

Abrem-te a porta. Estás inseguro? Em euforia? É este um lugar onde se misturam verdades, ou se inalam mentiras. Aqui tudo é permitido. Podemos criar uma personagem à nossa volta, podemos desabrochar o que prendemos no dia-a-dia. Libertam-se medos, criam-se ânsias por sermos brilhantes. Temos de beber cada momento, pois estar aqui não é uma repetição de sempre, como tal, há que ser encantador!
Podem aproveitar para estar aqui, e descontrair uns momentos. Estar com os amigos. Deixarem-se levar pelo som, e mover o corpo ao sabor de músicas frenéticas.
Seremos sempre provocados por plumas e lantejoulas. Por seres que gostam de ultrapassar os limites, e surpreender as crenças mais religiosas. Mas também, quem disse que não era possível? Este é o recanto dos que são colocados de parte, dos que se colocam à margem.
Quase todos, vivem para isto, para este momento, em que se libertam máscaras que ficam sós a chorar, por se sentirem usadas. A maioria da corte vive ofuscada de medos. De sentimentos de revolta. E quando decidem enfrentar a população em manada, esquecem-se que não é criando marchas, dias, que se vão impor e mostrar que não são diferentes. Pelo contrário, é simplesmente a demonstração de que são diferentes.
Mas a noite é rainha, e grupos de criações clandestinas seguem em romaria para estes guetos de declínio mental.
Pode parecer fatídico e falso, alguém que pertence, que frequenta, que está presente nestes locais, estar agora aqui, a enfrentar a sua própria colonização com palavras mordazes e ferozes. Indo contra o que quase todos vivem. Mas existe uma explicação. Não sou igual!
Movo-me pela vontade de ser eu próprio, e já lá vai o tempo em que usava uma máscara para tentar enganar alguém. Hoje sou o que sou, e não me importo. Pertenço a uma sociedade uniforme, e tento a cada dia que passa introzar-me nessa mesma. Não sou adepto de tentar chamar a atenção para o que sou, até porque tudo não passa de opções, e como tal, a ninguém diz respeito. Tento sim, vincular a minha personalidade, e deixar que os outros apreciem a minha construção de vivência.
Vou a estes locais, porque por agora, são os únicos, públicos, onde posso descomprimir o meu corpo em danças, e estar da forma que quero com a pessoa de quem gosto. Onde posso namorar enquanto me divirto e bebo um copo. Pois aqui não haverão julgamentos, apenas algumas críticas invejosas. E também porque acredito no respeito mútuo, sendo eu também praticante da mesma modalidade, portanto, há que não chocar susceptibilidades.
Em suma, brilhos que interagem com cabedal. Drogas que cheiram a base para o rosto. T-shirts que parecem vestidos. Neste local, a imaginação é a palavra de ordem. Mas a sinceridade vistosa também. Na sua grande maioria, vemos seres despidos de si mesmos, conhecemos a realidade que é tão fugidia no mundo lá fora. E não vale a pena sentirmos pena. Apenas temos de tentar ter calma. Deus fez o Mundo em seis dias, não somos nós que o vamos mudar num minuto. Não quando todos vivemos no sétimo dia. Em descanso!

2 comentários:

Joanne disse...

amei o texto, tudo o que és está ali. e deixa que te diga que amo a tua forma de ver o mundo. Não ves probleemas onde não os há, os problemas estão na cabeça daqueles que não tem vida. Continua a pessoa glamurosa que és, cheio de vida e de alegria, chega onde sonhas e quem sabe até mais longe. O mundo é grande para todos, pequeno só para aqueles que não querem ser ninguém. beijo

Sara.Algodres.Simões disse...

Acaso não pensas da mesma forma? Não sofres da mesma maneira? Acaso não amas do mesmo jeito? As pessoas só te considerarão diferente se tu te proclamares como tal! Pelo menos diferente ou não igual, da forma a que te referes. Ninguém é igual a ninguém e no entanto, não há maior mentira que essa!